26.8.09

Ausência na presença!!! Lindo!!!


Tinha a mão encostada ao seu peito, como quem se certifica que o palpitar do coração ainda era real.

Sentada na mesma rocha, onde ambos tinham partilhado o salgado aroma das ondas, olhava o firmamento como se a realidade pudesse ser modificada pelo simples fato de ela querer que assim fosse.

Ele tinha surgido na sua vida vindo de um nada tão longínquo que ela não imaginava sequer que pudesse existir.

Primeiro sorriu-lhe, depois conquistou-a, a seguir amou-a com uma intensidade que ela descobriu extasiada, quando já estava apaixonada por ele.

Sem saber como nem quando sentiu que ele passara a fazer parte dela e ela dele… sentiam-se, adivinhavam-se sem necessidade de palavras… mas a verdade é que ambos gostavam das palavras e brincavam com elas e com elas vestiam os sentimentos que a medo iam descobrindo!

Estranhas coincidências tornavam-nos um só, mesmo quando na diferença viam que podiam ser iguais no amor que partilhavam.

A medo ela embarcou na rota da loucura que o corpo dele traçava, aprendeu novos caminhos que a conduziam até à força do seu amor…e mais do que o medo assustava-a a sua força que se alimentava dos dois… como se nada mais existisse para além daqueles momentos.

Não era…nunca foi fácil dar corpo àquele amor…eram imensos os sinais proibidos que apareciam no percurso que queriam trilhar!

Como se acreditassem que a lua nascia só para eles abraçavam-se no vazio que se desenhava nas noites, cobriam a saudade com beijos de paixão. Ele cantava-lhe a canção que lhe tinha oferecido, ela sussurrava-lhe ao ouvido palavras do poema que lhe tinha escrito!

Aprenderam a amar-se antes de se conhecerem e tudo era uma (re)descoberta a dois corpos. Os sorrisos venceram as lágrimas, o seu olhar apaixonado conquistou-a, na sua mão traçou um novo destino e percorreram um longo caminho que os deixou unidos na certeza de que nenhum outro significado poderiam ter as palavras: “Sou tua”, “Sou Teu”!

…um dia, tanto tempo depois (!) quando acreditaram que afinal não tinha sido o acaso que os juntou, quando viviam finalmente à distância de um respirar ela sentou-se na terra molhada depois de se terem amado com o mesmo desejo de sempre e disse:

- Sinto que o ar me foge, como se tivesse inveja deste sentimento que nos incendeia!

Assustou-se ele com a palidez de cera que o seu rosto transmitia, pegou-a ao colo e no hospital soube que nem a força do seu amor seria suficiente para que o coração dela continuasse a bater.

Dor, raiva, amargura, revolta…da loucura do amor à loucura da morte!

Beijou-a em desespero, apertou-a contra si, como se isso a pudesse devolver à vida que ele sempre amou.

Lembrava-se de sempre lhe ter dito que ela era “o seu sopro de vida…a brisa que o acompanhava de noite e de dia…”

Agora queria ser ele o sopro da vida que lhe fugia, mas não sabia como o fazer!…nos beijos que lhe depositava na boca deixava pedaços de si……nas palavras que lhe colava aos ouvidos, lembrava-lhe as promessas de que seria para sempre……mas apenas o silêncio lhe respondia, um silêncio que o feria e que o afastava cada vez mais dela!

Sabia que era loucura, mas tudo lhe dizia que essa era a única forma de permanecerem unidos para sempre.

Só havia uma pessoa que o podia ajudar e não queria perder nem mais um minuto, tudo tinha que ser feito antes que tarde se tornasse…havia obstáculos a vencer, medidas a tomar, mas sabia que voltar atrás era impossível!

Dias depois ela acordou!

Procurou-o com o olhar, sentia-o mas não o via!

Quebrou-lhe o soluço a voz … as lágrimas caiam-lhe pelo rosto pálido de quem venceu uma batalha impossível contra a morte!

-Como o deixaram fazer isto?

Ninguém soube como lhe responder, tudo tinha sido feito enquanto ela dormia o longo sono da dúvida!

De nada adiantou que negassem, o que para ela era evidente!…sempre tinha sido assim desde que se conheceram.

Adivinhavam-se em todas as situações, por vezes as palavras atropelavam-se no caminho por demasiado parecidas ao que queriam transmitir!

Se ela o sentia e ele não estava ali, isso só poderia significar que ele cumpriu o que sempre tinha prometido: ficariam unidos para sempre…sempre disse que não estava disposto a morrer de amor, mas que se fosse preciso morreria por ela!

-“Estou em ti como sempre estive, nada nem ninguém nos poderá separar”

Pegou nessas palavras escritas com a letra do seu amor nas costas de um papel que ela lhe tinha oferecido com uma palavra apenas e levou-a até ao coração que agora era dos dois!

As lágrimas escorregaram…tinha tantas saudades da sua presença, mas verdade é que também tinham aprendido a fazer da ausência presença…mas não conseguia imaginar como viver duas vidas numa só!

Com a mão no peito, à beira do mar que conjugaram com o verbo amar, perguntava como merecer o seu amor?




Lindo texto!!! Linda mensagem de amor!!! ♥♥

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